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Examinando: entenda o que é e como funciona a taxa Selic

É comum escutar que a taxa Selic é a “taxa mãe” da economia; vídeo explica o que é a taxa, para que ela serve e como ela afeta sua vida

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Beatriz Correia

Publicado em 13 de outubro de 2020 às, 11h08.

Última atualização em 20 de outubro de 2020 às, 15h11.

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Esse tem sido um ano instável para os mercados financeiros. Com a pandemia da covid-19, e algumas outras questões como a guerra do petróleo, a bolsa de valores já sofreu fortes perdas e o dólar bateu recorde atrás de recorde, mas os dois índices também já apresentaram sinais de recuperação. Os motivos para toda essa volatilidade são vários, e um deles é a chamada taxa Selic.

Isso aconteceu depois que o Banco Central decidiu cortar a Selic para 2% por cento ao ano, a menor taxa da história. A medida foi uma ação do governo para tentar conter um pouco os efeitos econômicos da crise global. Mas afinal, o que é a Selic? Hoje nós vamos examinar o que é a taxa, para que ela serve e o mais importante, como ela afeta sua vida.

É comum escutar que a taxa Selic é a “taxa mãe” da economia. E isso acontece porque ela é um parâmetro para os juros cobrados em qualquer empréstimo. Ou seja, se você pega dinheiro emprestado para pagar o financiamento de um carro ou de um apartamento, o juros que você paga por esse crédito tem como base a Selic. Claro que a taxa cobrada pelos bancos é muito maior, mas a lógica é que se a Selic abaixar ou aumentar, os juros sigam esse mesmo movimento.

Mas afinal, como é definida a Selic?

Todos os dias, as pessoas sacam e depositam dinheiro no banco. Dependendo do que é maior, os saques ou os depósitos, o banco termina o dia com dinheiro sobrando ou faltando. Mas existe um limite mínimo que as instituições financeiras precisam ter em caixa. E quando acontece de o saldo banco no fim do dia ficar abaixo desse limite, eles costumam pegar um empréstimo de um dia com outros bancos.

Quando esse dinheiro é devolvido são cobrados os juros. E esse juros é definido pela taxa Selic. É comum dizer que o Copom, que é o Comitê de Política Monetária do Banco Central, define a taxa Selic anual. Mas na verdade, ele define apenas uma meta para essa taxa. A instituição não impõe uma taxa a ser seguida, mas ela usa alguns mecanismos para forçar o aumento ou a diminuição dos juros.

A principal medida tomada pelo Banco Central para regular os juros é basicamente comprar ou vender títulos. Vamos supor que um título público custa hoje oitocentos reais e promete pagar mil daqui a um ano. Isso significa que os juros recebidos por quem comprar esse título são de 200 reais, o que representa uma taxa de 25%.

Para fazer a taxa de juros subir, o Banco Central coloca mais títulos públicos à venda. Com mais títulos disponíveis, o preço cai, é a lei da oferta e da demanda. Se ele fica mais barato, a 700 reais, por exemplo, e ainda promete pagar mil reais em um ano, então o juros recebido passa a ser de 300 reais, o que representa uma taxa de 43%. E assim o BC induz uma nova taxa Selic, mais alta.

E esse mecanismo também serve para diminuir a taxa, a lógica usada é fazer o contrário. Para baixar a Selic, o Banco Central ao invés de colocar à venda, ele compra títulos públicos. Com menos oferta no mercado, o preço sobe. Usando o mesmo exemplo, o título que custava 800 reais passa a valer 900, enquanto promete um retorno de mil reais em um ano. Ou seja, os juros caem para 100 reais, e a taxa diminui para 11%.

E agora, depois de entender o que é a Selic, você deve estar se perguntando: “Mas como ela afeta minha vida?” Pode parecer que não, mas a taxa de juros está diretamente ligada com o dia a dia das pessoas. Até na sua ida ao supermercado.

Você com certeza já ouviu falar na inflação. De uma forma geral, ela calcula o quanto os preços de coisas do consumo diário das pessoas aumentaram ou diminuíram. Então se o tomate, o arroz ou a carne estão muito mais caros nos mercados em um determinado mês, essa alta de preço vai interferir no valor da inflação.

Acontece que a taxa de juros é o principal mecanismo do Banco Central para controlar a inflação. De uma forma simplificada, funciona assim: se a inflação está muito alta, o BC aumenta a taxa Selic, porque com os juros mais altos, as pessoas tendem a comprar menos e com uma demanda menor, os preços caem e a inflação cai junto. Já para estimular o consumo, o BC abaixa o juros. Com a taxa mais baixa, são feitos mais empréstimos e mais dinheiro entra em circulação na economia, e então as pessoas conseguem comprar mais.

A Selic também tem influência nos empréstimos que as pessoas pegam com bancos ou outras instituições financeiras. Ou seja, sobe a Selic, também sobem as outras taxas, ou cai a Selic, e as outras também caem.

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