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“Minha obsessão de vida foi superar a pobreza”, diz Edu Lyra ao programa Limonada, da Oficina

Um dos dez participantes da nova temporada da série de entrevistas, criador da Gerando Falcões revela sua maior qualidade como empreendedor

(Leandro Fonseca/Divulgação)

APRESENTANDO POR OFICINA RESERVA

Poucas pessoas souberam transformar limões em limonada como Edu Lyra. “Quando nasci, o sistema colocou uma bomba-relógio no meu pescoço”, disse ele ao programa Limonada, da Reserva. “É a bomba-relógio da pobreza. Você sabe que ela vai explodir em algum momento e que é preciso desarmá-la. Minha obsessão de vida foi superar a pobreza. E eu fiz isso porque tive uma grande inspiração dentro de casa, a minha mãe, que me criou sendo diarista.”

A família morava na favela, num barraco com chão batido de terra. “Nos nove primeiros meses de vida, dormi em uma banheira azul, que fazia as vezes de berço”, lembrou Lyra, que, em 2011, criou a ONG Gerando Falcões.

“Meu pai acabou virando assaltante e foi preso por roubar um banco. Apesar disso tudo, todos os dias a minha mãe olhava nos meus olhos e dizia: ‘filho, não importa de onde você vem, o que importa na vida é para onde você vai. E você pode ir para onde quiser’.”

Do limão à limonada

Determinado a transformar a pobreza das favelas em um “item de museu”, Lyra ganhou intimidade com empresários que dispensam apresentações. É o caso de Jorge Paulo Lemann, Elie Horn e Ana Maria Diniz.

“Meu papel é transformar cada espaço que consigo, cada networking, cada audiência em uma plataforma de transformação e impacto social de superação da pobreza”, Lyra disse ao Limonada. “Tanto que a missão da Gerando Falcões é transformar a pobreza da favela num item de museu antes de Marte ser colonizado. Se a Ciência permite que a humanidade vá até lá, deve existir uma maneira para resolvermos os problemas mais básicos aqui de baixo”.

Bernardinho, Luciano Huck e Eduardo Mufarej, do RenovaBR, foram algumas das personalidades que participaram da primeira temporada do Limonada. O programa foi criado pela Oficina Reserva para enaltecer empreendedores que são “construtores de soluções” e “transformadores de limões em limonadas”.

Eis duas das descrições utilizadas pela Oficina Reserva em seu manifesto para apontar o público-alvo da marca, lançada pelo grupo Reserva em 2018. Com peças minimalistas, sem estampas ou símbolos, a grife é voltada “para gente que vai lá e faz”.

Limonada: nova temporada

É o caso, não há dúvida, de Lyra, um dos dez participantes da nova temporada do Limonada, produzida em parceria com a EXAME. No papel de entrevistador, o editor Ivan Padilla conversou com o empreendedor social e com Alex Atala, Luiza Helena Trajano, João Adibe, Camila Farani, Dilma Campos, Fernanda Ribeiro, Diogo Roberte, Gustavo Cerbasi e Facundo Guerra.
Como Lyra conseguiu superar a pobreza? “O meio ‘introduzia’ uma espécie de vírus na minha cabeça, dizendo que eu não podia fazer um monte de coisas, e minha mãe ‘passava um antivírus’ todo dia, me incentivando a olhar para a frente”, ele contou a Padilla. “Estou aqui hoje por causa da minha mãe. Foi a primeira grande empreendedora que conheci na vida. Nunca teve um CNPJ nem um cartão de visita, mas criou um produto extraordinário: eu.

Aprendi muito com ela e com meu pai, quando ele largou o crime e voltou para casa. Sou filho da improbabilidade.”
Em outro trecho da conversa, disse o seguinte: “A pobreza também afeta as pessoas do ponto de vista emocional. Eu precisava me curar dela e olhar para a frente. Como? Sonhando. Meu corpo estava naquele barraco, mas minha cabeça, não. Era isso ou continuar naquela realidade. Tive de criar uma espécie de ficção social para a minha vida. O que significa isso? Projetar-se em outro lugar, acreditar que dá para alcançar coisas que pareciam absolutamente inimagináveis."

Coragem e humildade

Sua maior qualidade como empreendedor, afirma, tem a ver com o fato de não ter medo do novo. “O desafio me estimula e eu preciso dele para viver”, contou. “E sempre tive coragem de fazer o que precisava ser feito”. Também citou a humildade, “necessária para a escuta e para a aprendizagem”, e o enorme apreço pelo trabalho. “Estou disposto a trabalhar quanto for preciso para concluir a missão da Gerando Falcões nos próximos 14 anos”, frisou. “É um compromisso de vida”.

Erros e acertos

Seu maior erro à frente da Gerando Falcões, contou, foi ter apostado todas as fichas num único motor, o da filantropia. “Ela foi muito boa para a Gerando Falcões, nos trouxe até aqui. Mas eu poderia ter equilibrado isso com um segundo motor pensando na perenidade do projeto e para servir de exemplo para o terceiro setor”, argumentou.

Instado a apontar um grande acerto, cita a criação, há pouco, do programa de venda direta da ONG apelidado de As Maras. “As mulheres participantes já estão gerando renda e melhorando a qualidade de vida de suas famílias”, informou. A seguir, assista ao episódio dele na íntegra.

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