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Não temos tempo a perder: um chamado para salvar milhares de crianças

Temos que aproveitá-lo da melhor maneira possível, pois como diz o ditado, “o tempo voa”

Temos que aproveitá-lo da melhor maneira possível, pois como diz o ditado, “o tempo voa” (Divulgação/Getty Images)
Temos que aproveitá-lo da melhor maneira possível, pois como diz o ditado, “o tempo voa” (Divulgação/Getty Images)

Por Fernando Goldsztein

A Terra está prestes a completar mais uma volta em torno do sol. A duração deste percurso é de precisamente 365 dias, 6 horas e nove minutos. Convencionamos que esta volta se completa exatamente a meia noite do dia 31 de dezembro. Não obstante o 1 de janeiro ser exatamente igual ao dia anterior, ele amanhece com uma nova numeração que marca a passagem do tempo.

O tempo é o ativo mais precioso de que dispomos. O tempo não pode ser comprado e nem armazenado. Temos que aproveitá-lo da melhor maneira possível, pois como diz o ditado, “o tempo voa”.

Nesta época do ano é normal fazermos uma espécie de reflexão sobre as nossas vidas. Quais foram as nossas realizações no ano que se encerra? O que projetamos para o ano que está chegando? E, por isso, usarei estas linhas para fazer um balanço da The Medulloblastoma Initiative (MBI), um projeto que se tornou o meu propósito de vida.

O Medulloblastoma é o mais frequente dos tumores cerebrais pediátricos. Acomete crianças com idade média de 9 anos, exatamente a idade com que meu filho foi diagnosticado. Ao entrar neste doloroso universo da oncologia pediátrica, me deparei com uma realidade ainda mais triste e inaceitável: o tratamento não evolui há mais de 3 décadas. Isso mesmo, apesar de toda a evolução da medicina moderna, as crianças com tumores cerebrais pediátricos são tratadas com um protocolo velho, extremamente tóxico e pouco efetivo. Elas foram deixadas para trás!

Ao circular pelos principais centros de tratamento no mundo, tive a felicidade de conhecer o Dr. Roger J. Packer, um dos mais respeitados especialistas nesta área. E, foi no ano de 2021 que começamos a conversar sobre formas possíveis de acelerar as pesquisas para a cura do medulloblastoma – uma conversa que evoluiu para se tornar o que é hoje a MBI.

Nem nos meus sonhos mais otimistas eu poderia imaginar onde estaríamos em apenas 30 meses. Foi criado um consórcio de 13 laboratórios nos Estados Unidos, Canadá e Alemanha que reúne os principais cientistas do planeta. E, através de uma abordagem inédita, estes laboratórios, ao invés de competir entre sí, trabalham de forma cooperativa e sinergica trocando informações em tempo real.

Todo o esforço para chegar até aqui e a enorme generosidade dos nossos apoiadores, estão sendo recompensados. Não somente fomos amplamente reconhecidos pela mídia, mas também tivemos a oportunidade de participar de inúmeros eventos médicos e acadêmicos, tendo sido escolhidos como um dos três cases de destaque da Sloan School of Management do MIT (Massachussets Institute of Technology) em Boston.

Mas, o que realmente importa para nós é a evolução rápida da pesquisa. Estamos às vésperas de protocolar no FDA (Food and Drug Administration) nos EUA, os testes clínicos para um novo tratamento. E, temos ainda dois outros para protocolar nos próximos meses. São prazos inéditos! Isso porque o tempo é algo muito precioso pra nós da MBI. A cada giro da Terra em torno do Sol, dezenas de milhares de crianças são diagnosticadas e perecem por causa desta terrível doença. Definitivamente, não temos tempo a perder!

Fernando Goldsztein

Fundador do The Medulloblastoma Initiative

Conselheiro da Childrens National Hospital Foundation

Sloan School of Management – MIT (MBA)