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Após crise esfriar, Padilha articulará por reforma da Previdência

Ministro dividirá negociações no Congresso com Marcelo Caetano, secretário de Previdência Social do Ministério da Fazenda

Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil, conversa com presidente Michel Temer (Ueslei Marcelino/Reuters)
Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil, conversa com presidente Michel Temer (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Brasília em Pauta

Publicado em 3 de março de 2017 às, 06h00.

Última atualização em 3 de março de 2017 às, 12h29.

Brasília - O ministre-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), não deixará de ter papel central nas articulações para a aprovação da reforma da Previdência no Congresso até o meio do ano. Segundo auxiliares do Palácio do Planalto, Padilha e Marcelo Caetano, secretário de Previdência Social do Ministério da Fazenda, assumirão a linha de frente nas negociações para emplacar a primeira etapa da agenda reformista do presidente Michel Temer (PMDB) ainda no primeiro semestre.

Interlocutores de Temer afirmaram ao Brasília em Pauta que as declarações do ex-assessor do presidente José Yunes e o depoimento do ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) sobre Padilha “não devem abalar a influência e o bom trânsito” do ministro entre os parlamentares.

Ao Ministério Público Federal, Yunes afirmou que teria recebido em seu escritório um envelope a pedido de Padilha. Segundo o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho,  o envelope enviado ao ex-assessor de Temer continha parte dos R$ 10 milhões repassados pela empreiteira ao PMDB durante as eleições de 2014.

No mesmo sentido, Marcelo Odebrecht confirmou que participou de jantar com Temer em 2014, no qual foi acertado apoio político da empreiteira ao PMDB. Em reunião posterior com o atual ministro da Casa Civil, o executivo teria tratado do repasse de R$ 10 milhões.

Além de Padilha e Caetano, Temer e o ministro da secretaria do governo Antonio Imbassahy (PSDB-BA) também participarão ativamente das articulações para garantir a aprovação da agenda reformista no Congresso.

“Nas duas semanas que antecederam a aprovação da PEC do Teto no ano passado, Temer telefonou para parlamentares e pediu votos. No caso da Previdência, que é uma matéria muito mais complexa, o presidente se movimentará ainda mais”, disseram auxiliares de Temer ao blog.

Fontes palacianas revelaram, porém, que há a intenção de que Padilha volte de licença apenas após as acusações contra ele “esfriarem”. O ministro está afastado há uma semana para se submeter a uma cirurgia na próstata.

Nesta quinta-feira, o governo informou que, por recomendação médica, o ministro precisará de mais tempo para repouso e recuperação da operação. A previsão inicial era que Padilha retomasse os trabalhos na próxima segunda-feira (6).

Com isso, o Planalto ganha tempo para não perder um dos seus principais articuladores no Congresso. Ao adiar o retorno do ministro, a desconfiança sobre Padilha pode diminuir nos próximos dias. O governo conta com essa possibilidade. “Temer tem total confiança em Padilha e entende que o ministro é fundamental para a aprovação da agenda reformista”, disse um interlocutor do presidente.

Nas próximas semanas, Temer e sua equipe devem retomar a agenda de jantares com parlamentares. Nos encontros, o presidente pretende levar especialistas que exponham a importância de se aprovar a reforma da Previdência o quanto antes.

Em outra frente, o peemedebista atribuiu ao deputado federal Darcísio Perondi (PMDB-RS) a responsabilidade de elaborar um material para mídias sociais. No documento, o parlamentar explicará as mudanças estabelecidas pela reforma da Previdência e os efeitos da aprovação do pacote para a recuperação da economia brasileira. O material deve ser enviado aos deputados federais e senadores por WhatsApp.