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Gangorra em equilíbrio: qual o balanço do ano na visão do CEO da Aqua Capital

Sebastian Popik está à frente do negócio que possui 6 bilhões de reais sob gestão; ele vê saldo positivo no ano, mesmo com redução de margens na safra 2022/23

Sebastian Popik, CEO do Aqua Capital: novos negócios estão na mira do gestor para 2024 (Marcelo Chello/Divulgação)

Sebastian Popik, CEO do Aqua Capital: novos negócios estão na mira do gestor para 2024 (Marcelo Chello/Divulgação)

Mariana Grilli
Mariana Grilli

Repórter de Agro

Publicado em 26 de outubro de 2023 às 06h00.

Mesmo um ano com redução das margens na safra 2022/23 não foi capaz de desacelerar os negócios da gestora de fundos Aqua Capital, que investe por meio de private equity nos segmentos de agronegócio e alimentos. A companhia soma mais de 6 bilhões de reais sob gestão e atribui tal desempenho ao equilíbrio de seu portfólio. Para encerrar o ano com saldo positivo, Sebastian Popik, CEO do Aqua Capital, explica que a estratégia principal é a cautela no pipeline, seja antes da porteira, seja na gôndola do supermercado.

Como o desempenho do agronegócio impactou o Aqua Capital neste ano?

A partir de abril, o país deu uma invertida na curva agro, colheu com margem menor do que se esperava, ela ficou comprimida, e nossos maiores investidores têm exposição ao produtor. Quando o produtor não está ganhando boa margem, as empresas do portfólio também são prejudicadas. Essa invertida impactou, por isso, depois de trabalhar na criação de valor, a preservação dos negócios também é importante.

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Diante de um setor tão dinâmico, qual é a estratégia no momento de formar portfólio?

Agro é uma coisa, alimentos são outra. Eles têm comportamentos diferentes, mas certa correlação, e o entendimento da cadeia com certeza ajuda. Se o preço do grão sobe, puxa o custo do leite. Então, uma empresa do agro vai se beneficiar, uma empresa de queijos vai ter margem apertada. Entendemos essa relação e até procuramos construir nosso portfólio para ter esse equilíbrio.

E qual é o balanço da empresa em 2023?

A gente tem mais de 6 bilhões de reais sob gestão e dez empresas no portfólio. Captamos um terceiro fundo grande, acima da nossa meta, e com capacidade de expansão para a América do Norte. Ele representa 2,2 bilhões de reais, é o maior deles e tem chances de expansão para a América do Norte. Do lado de investimentos, fizemos duas aquisições neste ano e anunciaremos uma terceira. São três posições de controle, em empresas que têm exposição à cadeia de agrolimentos e um bom track record.

Também houve uma sequência de vendas...

Sim, do lado de liquidez, tivemos três exits bastante relevantes neste ano. Vendemos a Comfrio, 70% da Yes Sinergy e 85% da Biotrop. Já a criação de valor está mais desafiada, e a curva de juros contribui para isso, pois private equity trabalha com vários níveis de alavancagem. Essa equação de juros extremamente altos com aumento dos spreads complica a vida, não só das empresas mas dos clientes fornecedores.

Para o ano que vem, vocês miram novos negócios?

Em 2024, esse vento de frente vai ser neutro, a queda dos juros já está anunciada, e a relação de custo e preço pago deve ser mais positiva. Mesmo assim, um fundo leva um tempo para investir e tem bastante capital. Estamos pensando em outras estratégias, quem sabe apostar nos serviços para atender o campo.

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Então, a “servitização”, que vem sendo falada no agro, pode ser uma aposta?

Numa analogia, é como no passado, em que havia setor primário, secundário, terciário e, depois, o setor de informação. No agro, essa participação de serviços e tecnologia também está crescendo e puxando o PIB do setor. Estamos sempre pensando à frente e tentando antecipar tendências. Se o PIB agrícola cresce 3%, qual setor dele cresce 10%? E, se o PIB agrícola cai, qual segmento fica em pé? Olhamos nessa direção.


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