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Em busca de novas haraldetes: empresa de chocolates fatura R$ 1,5 bi e entra em novo mercado

A Harald tem na Páscoa a data mais importante do ano; em 2023, deve faturar R$ 750 milhões, alta de 50% em relação ao ano passado

Sergio Tango, da Harald: nova fábrica vai permitir que possamos produzir coisas mais diferenciadas (Harald/Divulgação)

Sergio Tango, da Harald: nova fábrica vai permitir que possamos produzir coisas mais diferenciadas (Harald/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 9 de abril de 2023 às 07h50.

A Harald chocolates está de olho na expansão de mercado e quer começar a falar com o consumidor final. A empresa construiu a sua história no setor  de confeitaria e transformação, conversando com um público profissional que usa chocolates e coberturas para criar sobremesas, bolos e doces.

O novo passo começa a ser construído com a entrada da empresa em redes varejistas como Carrefour, Pão de Açúcar, Dia, Sam´s, Angeloni, em Santa Catarina, e Savegnago, em Ribeirão Preto.

A Harald é detentora das marcas como Top, Melken, Unique, Confeiteiro e Inovare. Fundada no início dos anos 1980 por Ernesto Harald Neugebauer, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, é uma das líderes no mercado.

Neste setor de transformação do chocolate, a empresa se consolidou com atuação mais focada em lojas especializadas, chocolaterias e atacarejos como Atacadão e Assai.

Para capturar o novo público, a empresa está fazendo investimentos inéditos de R$ 4,5 milhões em TV aberta, com exibições em programas populares como Mais Você, da Globo, Hoje em Dia, da Record, e Faustão na Band.

“A gente quer que os consumidores de casa também possam fazer sobremesas profissionais, conheçam a marca e, por isso, estamos expandindo a nossa atuação”, afirma Sérgio Tango, CEO da Harald.

A iniciativa é entendida na companhia também como uma forma de gerar mais reconhecimento de marca e captar novos profissionais para a indústria de transformação. E ainda: conquistar mais “haraldetes”, como são conhecidos os fãs da marca – em geral, pessoas que usam os produtos da Harald para transformá-los em sobremesas.

O nome nasceu de um comunidade criada no falecido Orkut em 2010 e que hoje reúne mais de 12 mil pessoas no Facebook. “Todas as receitas que vocês postarem devem ter foto e o ingrediente estrela do nosso grupo: chocolates de Harald”, diz a mensagem de abertura. Em tempos de infidelidade às marcas, contar uma base assim pode ser um diferencial.

Qual o tamanho do negócio

A Harald pertence ao Fuji Oil, grupo japonês que atua nos mercados de óleos, gorduras vegetais e chocolates, desde 2019 com aquisição de 100% do negócio. Quatros anos antes, em 2015, a multinacional já tinha assumido o controle ao comprar 83% de participação.

Neste período de três anos, a empresa dobrou o faturamento, atingindo 1,5 bilhão de reais no ano fiscal encerrado no mês de março. O crescimento foi impulsionado, em parte, pela aceleração da unidade de negócios “industrial”, responsável por atender projetos de grandes companhias e demandas específicas.

As outras divisões do negócio são no varejo:

  • Food service, com a aquisição de chocolates e coberturas para restaurantes, pizzarias e hotéis
  • Compra por profissionais que trabalham no mercado de confeitaria com bolos, sobremesas e outras guloseimas

A importância desta unidade pode ser medida pelos números expressivos da Páscoa. Neste ano, a data deve representar 50% de toda a receita anual, com R$ 750 milhões. O valor significa um crescimento de 50% em relação ao obtido na Páscoa do ano anterior,  R$ 500 milhões.

O volume dialoga com a expectativa de uma maior venda de ovos na data por parte dos distribuidores e ainda com uma mudança no perfil de compra. Com o preço dos ovos industrializados mais caro, muitas pessoas têm corrido para os transformados.

“Acaba tendo uma acessibilidade melhor entre comprar do vizinho e da loja porque fica mais em conta”, diz Tango. “Há um crescimento forte na área de transformação”. A empresa não quis revelar quanto cada unidade de negócio representa do faturamento.

Quais as novas movimentações

Entre a entrada em novos mercados e o crescimento do faturamento, a Harald tem se movimentado em criar estruturas para atender o novo momento. A empresa construiu uma segunda fábrica em Santana do Parnaíba, em São Paulo, onde concentra a operação.

Com investimentos de R$ 200 milhões,  a unidade, com inauguração prevista para os próximos dias, tem um formato modular e deve ser usada para opções diferenciadas e que atendam novas demandas dos consumidores. Chocolates com maior teor de cacau, cacau de origem, plant-based e com menor quantidade de açúcar são algumas das possibilidades.

“A gente consegue trazer alguns produtos que não são de grande volume, mas são muito especializados e que são tendências de mercado”, afirma Tango. Atualmente, a Harald produz mais de 90 mil toneladas de chocolate por ano. A empresa representa 7% do faturamento global da Fuji Oil e é o terceiro maior negócio de chocolates do grupo.

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