Logo Exame.com
Balanços

Mais enxuta, Casas Bahia reduz em 12% o prejuízo líquido no 1º trimestre

Números dos primeiros meses de 2024 mostram melhora sequencial de margem e redução de queima de caixa

Casas Bahia: margens mostram melhora sequencial (Casas Bahia/Divulgação)
Casas Bahia: margens mostram melhora sequencial (Casas Bahia/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

8 de maio de 2024 às 20:42

Depois de trimestres de fortes perdas, a Casas Bahia começa a mostrar sinais de melhora na última linha em reflexo do plano de transformação iniciado em agosto de 2023.

O prejuízo líquido do primeiro trimestre de 2024 ficou 12% menor, a R$ 261 milhões, e as margens mostraram melhora — indicando um caminho que deve ser impulsionado a partir do segundo trimestre com a renegociação da dívida financeira na recuperação extrajudicial, anunciada no fim de abril. Anteriores à negociação com os credores, os primeiros números do ano já demonstraram melhora de 41% no resultado financeiro.

No período, a receita da companhia ainda ficou 14%, para R$ 6,34 bilhões, refletindo a redução de categorias e de estoques, além do fechamento de 57 lojas. Do plano inicial de fechar até 100 lojas, de 20 a 40 unidades foram identificadas como potencialmente recuperáveis e estão sob monitoramento, conta Sérgio Leme, diretor de supply chain e relações com investidores.

As categorias core do negócio ainda não têm reportado vendas mais robustas, pondera também Leme. Os indicadores macroeconômicos melhoraram, mas as categorias de linha branca, celulares e móveis ainda precisam retomar o ritmo do lado da demanda.

É o marketplace que tem ajudado a mitigar a queda de receita. Houve 9,6% de crescimento das vendas totais brutas, ou GMV na sigla em inglês, com avanço de 13% na receita do chamado 3P. "O marketplace compensa parcialmente a queda de receita e nos torna muito eficazes nos estoques que carregamos. É um estoque que gira rápido", afirma Leme, destacando que a empresa já mira a consolidação da rentabilidade dessa operação.

Faz parte do trabalho de ganho de eficiências estabelecido pelo plano de recuperação da companhia. Nos primeiros três meses deste ano as margens mostram a melhora gradual. Embora 1,4 ponto percentual menor do que mesmo período de 2023, a margem bruta chegou a 30%, superando os 27,6% do quarto trimestre e os 23% do terceiro.

Nas vendas diretas da Casas Bahia, um trabalho importante tem sido a melhoria da relação B2B. A empresa opera com venda por meio de empresas de milhagem/fidelidade parceiras, mas havia um "gap" na rentabilidade do negócio. Com a renegociação de comissionamento e precificação mais ajustada, esse canal passou a contribuir mais com a margem. 

A queda de 7,5% das despesas, que reflete também a redução do quadro de funcionários, ajudou a companhia a reportar uma margem Ebitda bastante superior à dos últimos dois trimestres: 6,1%, ante 2,2% do fim de 2023 e -1% do terceiro trimestre.

O grande destaque do período, no entanto, é a melhora consistente do fluxo de caixa livre, que chegou ao seu melhor patamar em cinco anos. Tipicamente um período de queima de caixa, o primeiro trimestre teve queima de R$ 176 milhões, mas o patamar é bastante inferior ao dos últimos anos. Em 2021, pior ano do indicador, a queima chegou a R$ 2,75 bilhões.

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado