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Boa Safra lança oferta de até R$ 400 milhões para financiar crescimento

Família Colpo e gestora HIX garantem R$ 120 milhões de largada

Boa Safra: desde o IPO, as ações da empresa sobem 70% (Foto: Axial-Flow/Divulgação) (Axial-Flow/Divulgação)
Boa Safra: desde o IPO, as ações da empresa sobem 70% (Foto: Axial-Flow/Divulgação) (Axial-Flow/Divulgação)
Natalia Viri

Natalia Viri

11 de abril de 2024 às 10:33

A Boa Safra, líder na produção de sementes de soja no país, está lançando hoje uma oferta subsequente de ações para captar pelo menos R$ 200 milhões e que pode chegar até o dobro do valor se houver apetite pelo lote adicional.

A oferta já sai com uma porção de R$ 120 milhões garantida de largada. A família Colpo se comprometeu a entrar com R$ 90 milhões – mantendo sua participação de 60% se for colocado apenas o lote inicial.

Já a gestora HIX, que está na companhia desde o IPO e tem 6% dos papéis, vai investir R$ 30 milhões. Em ambos os casos, o compromisso de investimento ocorre a um preço máximo de R$ 18 por ação.

Os papéis são negociados a R$ 16,90. Desde o soft launch da operação, no fim de março, quando a Boa Safra sinalizou a intenção de realizar a oferta, as ações caem 7%, mas ainda assim não negociadas a praticamente o dobro do preço do IPO, realizado em abril de 2021, a R$ 9,90.

Os recursos captados na oferta vão ser utilizados para reforçar o caixa, num momento em que a companhia mira um crescimento agressivo, tanto na via orgânica quanto em aquisições.

As sucessivas quebras de safra colocaram vários produtores no corner e abriram a possibilidade para consolidações a preços atrativos no setor, apontam pessoas próximas à operação.

Desde o IPO, a Boa Safra já fez duas aquisições: a da BestWay, de olho em começar a produzir semente de milho, e da DaSoja, que aumentou o alcance comercial em sementes.

Há diversos ativos na rua que podem interessar na consolidação. Um candidato óbvio é a Agrogalaxy, que mandatou o Santander para buscar um interessado na sua divisão de sementes.

A ideia inicial é atrair um sócio para o negócio, mas uma venda integral não está descartada.

Na contramão do agro

Na contramão das promessas frustradas dos IPOs de 2021, a Boa Safra construiu uma trajetória de resultados consistentes desde sua estreia na Bolsa.

Dobrou sua capacidade de produção do seu carro-chefe, expandiu para novas regiões, entrou na produção de sementes de milho e está diversificando seu portfólio para outras commodities agrícolas. 

O objetivo é atingir 15% do market share de sementeiras no país nos próximos anos. Hoje, a empresa tem em torno de 7%. 

Na frente de expansão orgânica, a Boa Safra já sinalizou planos de aumento de 50% no volume de sementes de soja e de 154% para milho até 2027.

E começou a explorar oportunidades em feijão, sorgo, forragem e trigo, que devem ser uma avenida de extração de valor nos próximos anos.

O principal driver de crescimento da companhia tem sido o investimento em sementes com biotecnologia e tratamento industrial (TSI, na sigla em inglês) neste último caso máquinas de alta tecnologia que trata as sementes com delicadeza, reduzindo danos mecânicos e garantindo o desenvolvimento saudável das plantas. 

Ao longo dos últimos três anos, esses dois grupos passaram a compor a maior parte do volume de vendas da Boa Safra (97% e 33%, respectivamente, com aumentos de dois dígitos). 

Esse tem sido um importante diferencial para a empresa conseguir praticar preços maiores para as sementes de soja, mesmo em meio ao momento de queda de preços para o grão em si.  

“Apesar de os preços médios [do grão] terem caído 22% no primeiro semestre de 2023, quando a maior parte dos pedidos foi estabelecida, o da semente de soja, de R$ 8,8 mil por big bag nos primeiros nove meses do ano, foi 5% superior em relação a 2022”, afirmaram os analistas do BTG (do mesmo grupo de controla da Exame) em relatório publicado em fevereiro.

O banco é coordenador líder da oferta, num sindicato que conta ainda com XP, Bradesco BBI, Citigroup e Santander. O pricing está previsto para o dia 18.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.