Economia

Na presença de Lula, Alckmin assina portaria do programa Mover; entenda como vai funcionar

O programa incentiva a descarbonização da indústria automotiva, ficando no lugar do antigo Rota 2030

Mover: programa incentiva a descarbonização da indústria automotiva, ficando no lugar do antigo Rota 2030 (Tuane Fernandes/Bloomberg via Getty Images)

Mover: programa incentiva a descarbonização da indústria automotiva, ficando no lugar do antigo Rota 2030 (Tuane Fernandes/Bloomberg via Getty Images)

Publicado em 26 de março de 2024 às 11h01.

Última atualização em 26 de março de 2024 às 11h18.

Empresas do setor automotivo já podem se habilitar ao programa de Mobilidade Verde e Inovação, o Mover. A portaria com os requisitos para habilitação e concessão de créditos financeiros será assinada nesta terça-feira, 26, pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também estará presente durante a cerimônia no Palácio do Planalto. A medida provisória que criou o programa foi elaborada pelo MDIC em dezembro de 2023. Segundo já afirmou Alckmin, a MP serve para que não haja descontinuidade de uma política para o setor, que até então era regida pelo antigo Rota 2030.

O programa é resultado dos esforços do governo de um projeto de neoindustrialização inovador e sustentável, na direção de uma economia mais verde. O Mover incentiva a descarbonização da indústria automotiva, incluindo limites mínimos de reciclagem na fabricação dos veículos e cobrando menos imposto de quem polui menos, criando o IPI Verde. Além disso, a ideia também é promover a expansão de investimentos em eficiência energética.

A MP resultou no projeto de lei, cujo texto é idêntico ao editado em dezembro do ano passado. A proposta prevê créditos financeiros para empresas que invistam em descarbonização, com incentivos de R$ 19,3 bilhões, divididos assim:

  • R$ 3,5 bilhões em 2024,
  • R$ 3,8 bilhões em 2025,
  • R$ 3,9 bilhões em 2026,
  • R$ 4 bilhões em 2027 e
  • R$ 4,1 bilhões em 2028.

No Rota 2030, o incentivo médio anual, até 2022, foi bem menor, de R$ 1,7 bilhão.

Uma das metas do programa é a redução em 50% das emissões de carbono até 2030, aumentando os requisitos obrigatórios de sustentabilidade para os veículos novos comercializados no país. Entre as novidades, está a medição das emissões de carbono considerando todo o ciclo da fonte de energia utilizada.

No longo prazo, a medição deve ser ainda mais ampla, abrangendo a pegada de carbono de todos os componentes e de todas as etapas de produção – o que também é conhecido como “do berço ao túmulo”.

Quais são as diferenças entre o programa Mover e o Rota 2030?

A política atual é válida para ônibus e caminhões, não apenas para veículos de passeio, como ocorria no antigo programa. E se antes os requisitos de segurança e de eficiência energética levavam em consideração as emissões "do tanque à roda", agora isso será medido pelo sistema "do poço à roda", o que significa que a medição é feita desde a obtenção do combustível, transporte e refino até a combustão nos motores e escapamento.

LEIA MAIS: Como o Chile obteve a maior frota de ônibus elétricos da América Latina

Além disso, haverá o sistema de recompensa e penalização na cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a partir de indicadores que levam em conta a fonte de energia para propulsão; o consumo energético; a potência do motor; a reciclabilidade, e o desempenho estrutural e tecnologias assertivas à direção.

Segundo informações da agência do Senado, esse sistema não envolve renúncia fiscal, uma vez que alguns pagarão abaixo da alíquota normal, mas outros pagarão acima. E as alíquotas serão definidas por decreto presidencial.

Para que as empresas consigam cumprir os requisitos do programa, ele vai conceder créditos financeiros proporcionais aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento   entre R$ 0,50 e R$ 3,20 para cada real investido, a partir e percentuais mínimos que serão definidos na regulamentação do programa.

O Mover também vai reduzir o Imposto de Importação para fabricantes que importem peças e componentes sem similar no Brasil, contanto que invistam 2% do total importado em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação em “programas prioritários” na cadeia de fornecedores.

Mover, indústria, MDIC e o BNDES

A EXAME entrevistou neste ano o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), José Luis Gordon. No programa Macro em Pauta, Gordon afirmou que o governo estuda e deve lançar ainda neste ano um programa nacional para estimular a venda de ônibus elétricos para substituir a frota atual e reduzir a emissão de carbono no país.

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Também neste ano o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias Rosa, contou sobre os planos do governo para a neoidustrialização do Brasil.

Entre os tópicos, ele disse que, dentro do programa Mover, de mobilidade, é privilegiar empresas com investimento no Brasil. "A indústria que se instala no Brasil para produzir vai acessar um crédito financeiro maior do que aquele que quer simplesmente exportar", afirmou.

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