Economia

De quanto uma família precisa para viver na cidade mais cara do Brasil

Cálculo do salário mínimo "suficiente" é feito pelo Dieese desde 1994 com base no valor da cesta básica mais cara

São Paulo: valor da cesta básica na cidade é de R$ 519,76 (Cesar Okada/Getty Images)

São Paulo: valor da cesta básica na cidade é de R$ 519,76 (Cesar Okada/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 15 de março de 2020 às 08h00.

Última atualização em 15 de março de 2020 às 20h51.

São Paulo — O salário mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas no Brasil subiu para R$ 4.366,51 em fevereiro, de acorco com estudo feito mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em 17 capitais. O número é 4,18 vezes menor do que o piso vigente de R$ 1.045.

Para chegar no resultado, é considerado o valor da cesta básica mais cara entre os estados, que em fevereiro foi a de São Paulo (R$ 519,76). Em janeiro, o salário mínimo necessário era de R$ 4.347,61 (veja tabela no pé da matéria)

A segunda cesta mais cara foi a do Rio de Janeiro (R$ 505,55), seguida de Florianópolis (R$ 493,15). Os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 371,22) e Salvador (R$ 395,49).

Essa conta é feita mensalmente pelo Dieese e considera a determinação constitucional de que o valor deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

A teoria econômica sugere, no entanto, que um aumento súbito do mínimo para este patamar causaria desemprego em massa e impacto devastador sobre as contas públicas.

Os cálculos do governo apontam que cada R$ 1 de aumento implica em uma despesa extra de aproximadamente R$ 355,5 milhões para os cofres públicos. O impacto total do ajuste seria de R$ 2,3 bilhões.

Segundo o levantamento do Dieese, o custo do conjunto de alimentos essenciais subiu em 10 capitais. As altas mais expressivas ocorreram nas cidades do Nordeste e do Norte: Fortaleza (6,83%), Recife (6,15%), Salvador (5,05%), Natal (4,27%) e Belém (4,18%), enquanto as principais quedas foram observadas no Centro-Sul: Campo Grande (-2,75%), Vitória (-2,47%), Porto Alegre (-2,02%) e Goiânia (-1,42%).

O Dieese calcula ainda que, com o aumento de R$ 6,00 sobre o salário mínimo de janeiro, o tempo médio necessário para o trabalhador adquirir os produtos da cesta básica em fevereiro foi de 94 horas e 57 minutos. Em janeiro, a jornada tinha apenas alguns minutos menos, ficando em 94 horas e 26 minutos.

Há um ano, quando o piso nacional era de R$ 998,00, esse tempo era calculado em 91 horas e 16 minutos.

"Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em fevereiro, 46,91% da remuneração, pouco mais do que em janeiro, quando ficou em 46,65% e o salário mínimo era de R$ 1.039,00. Em fevereiro de 2019, a compra
demandava 45,09% e o piso era de R$ 998,00", acrescenta o instituto.

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