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Líderes da América do Sul vão discutir crise da Amazônia

O Brasil enviará o chanceler Ernesto Araújo para o encontro, e presidente Bolsonaro acompanhará as discussões por videoconferência

Queimadas: a reunião foi convocada pelos presidentes do Peru e da Colômbia depois que os incêndios florestais repercutiram mundialmente (Amanda Perobelli/Reuters)

Queimadas: a reunião foi convocada pelos presidentes do Peru e da Colômbia depois que os incêndios florestais repercutiram mundialmente (Amanda Perobelli/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2019 às 06h22.

Última atualização em 6 de setembro de 2019 às 07h01.

São Paulo — Duas semanas depois da cúpula do G7, que de última hora tratou da preservação da floresta amazônica, lideranças da América do Sul se reúnem em Letícia, na Colômbia, para debater o tema.

Os países participantes esperam lançar depois do encontro desta sexta-feira 6 uma convocatória global para unir esforços pela Amazônia, segundo informou o chanceler colombiano, Carlos Holmes Trujillo, na última quarta.

Trujillo garantiu que da reunião sairá o Pacto de Letícia pela Amazônia, com ações concretas e um roteiro de atividades para que os países da região e a comunidade internacional possam proteger a maior floresta tropical do mundo. “Como consequência dessa cúpula será dinamizada a ação, não só nacional como regional e global, em defesa da Amazônia”, disse o ministro. A floresta está presente nos territórios de Colômbia, Bolívia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela, Guiana Francesa e Brasil, que concentra 60% de sua extensão.

Além dos presidentes do Peru, Martín Vizcarra, e da Colômbia, Iván Duque, que convocaram o encontro, participará também o líder do Equador, Lenín Moreno, o presidente da Bolívia, Evo Morales, o vice-presidente do Suriname, Michael Ashwin Adhin, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo.

O presidente Jair Bolsonaro, que passará por um procedimento cirúrgico no domingo 8, acompanhará o encontro por videoconferência.

A cúpula foi marcada depois que os incêndios na floresta repercutiram na mídia internacional. Só no mês de agosto, 29.944 quilômetros quadrados do bioma foram queimados, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais). Apesar da grande quantidade de focos no Brasil, os incêndios não acontecem apenas na Amazônia brasileira. Pelo menos outros 10.000 quilômetros quadrados estão sendo queimados na Bolívia, perto da fronteira com o Paraguai e o Brasil.

Bolsonaro tem adotado um discurso político de defesa da soberania brasileira sobre a Amazônia. Mesmo com a cirurgia de domingo, o presidente garantiu que estará presente na Assembleia Geral da ONU, no dia 24 de setembro, para defender a posição brasileira. Tradicionalmente, o Brasil realiza o primeiro discurso da conferência. “Eu vou comparecer à ONU nem que seja de cadeira de rodas, de maca, vou comparecer. Porque eu quero falar sobre a Amazônia”, disse Bolsonaro na última segunda-feira 2.

Durante a entrega da primeira aeronave militar KC-390 da Embraer à Força Aérea Brasileira, na última quarta-feira 6, o presidente voltou a declarar suas intenções de proteger a soberania do país. “O Brasil é um país pacífico, mas não pode continuar e não continuará sendo passivo a esse tipo de agressão à nossa soberania. A Amazônia brasileira é nossa”.

O Brasil rejeitou 20 milhões de dólares que o G7 havia prometido doar para combater os incêndios florestais. Antes, Alemanha e Noruega suspenderam seus repasses ao Fundo Amazônia depois que a administração brasileira questionou o modelo de gestão da verba.

Com esse histórico, fica difícil prever qual será o tipo de “convocatória global” para unir esforços pela Amazônia que os países da América do Sul serão capazes de fazer depois da cúpula de hoje.

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