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Aécio assume Comissão de Relações Exteriores da Câmara e pede "tolerância"

Em discurso, tucano — que substituiu Eduardo Bolsonaro — indica que atuará como contraponto à política do governo atual

Aécio Neves: tucano substitui Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), seu antecessor no cargo (Wilson Dias/Agência Brasil)

Aécio Neves: tucano substitui Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), seu antecessor no cargo (Wilson Dias/Agência Brasil)

AO

Agência O Globo

Publicado em 12 de março de 2021 às 16h49.

Eleito presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o tucano Aécio Neves (MG) indicou que pretende fazer um contraponto à política externa do governo Jair Bolsonaro enquanto estiver à frente do colegiado. Nesta sexta-feira, em discurso de posse, Aécio pregou o "respeito, a tolerância e o equilíbrio" nas relações internacionais, além de condenar políticas guiadas por "preconceitos ideológicos". O deputado também reforçou que o país deve atuar para preservar o multilateralismo, orientação rechaçada pelo ministro Ernesto Araújo.

O tucano substitui Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), seu antecessor no cargo. Enquanto era presidente do colegiado, Eduardo aproveitou para se aproximar de populistas de extrema-direita na Europa. Além disso, defendeu um alinhamento automático a Donald Trump, mesmo em período eleitoral naquele país, que resultou na ascensão do democrata Joe Biden ao poder.

— A diplomacia brasileira tem longa tradição de respeito, de tolerância e equilíbrio. Esses preceitos e valores necessitam a cada dia ser reforçados - disse Aécio, para quem a política externa deve levar em conta "análises rigorosas" de conjuntura internacional: - (Isso deve acontecer) para a promoção dos nossos interesses nacionais, isento de quaisquer preconceitos, sejam eles ideológicos ou partidários.

O tucano disse ainda que, na primeira reunião da comissão, vai apresentar requerimentos para convidar Ernesto Araújo e o ministro da Defesa, Fernando Azevedo. O objetivo é que apresentem o "planejamento de suas ações".

— A política externa brasileira deve ter como foco o multilateralismo, nosso relacionamento internacional há de ser amplo, universal, sem exclusões ou alinhamentos automáticos. O Brasil precisa, acredito eu, amplificar sua atuação em grandes temas globais e se inserir em debates mais amplos nos quais nossa contribuição como pais é relevante, especialmente em assuntos relacionados aos direitos humanos, ao meio ambiente, a cooperação no combate ao tráfico internacional de pessoas, armas e drogas.

Aécio também reforçou a necessidade de o Brasil valorizar o diálogo para o enfrentamento à pandemia.

— Isso passa obrigatoriamente por uma relação mais ampla com os diversos países e regiões do mundo em busca daquilo que é grande urgência mundial, e em especial a brasileira: a ampla e universal vacinação da nossa gente.

Aécio lembrou ainda que a política externa dever ser guiada pelos princípios estabelecidos pela Constituição: "independência nacional, prevalência dos direitos humanos, autodeterminação dos povos, não prevenção, igualdade entre os povos, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo e cooperação dos povos para progresso".

Em longo discurso, também ressaltou a importância do ingresso do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação para Desenvolvimento Econômico), o acordo de comércio com a União Europeia e o Mercosul.

— O próprio Mercosul, que completa 30 de sua criação, deve ser objeto de profundas discussões que possibilitem seu fortalecimento como importante instrumento para o desenvolvimento nacional. Obviamente, garantindo especial atenção às relações com os nosso principais parceiros econômicos. Me refiro aqui aos Estados Unidos e a China, além do fortalecimento da nossa presença absolutamente estratégica nos Brics.

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