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Como os EUA podem interferir em redução de queda de juros no Brasil

Cresce expectativa por corte de 0,25 ponto percentual em decisão desta quarta-feira; política monetária americana e fiscal pesam em projeções

Roberto Campos Neto, presidente do BC: Copom divulga decisão nesta quarta (Andre Coelho/Bloomberg via/Getty Images)

Roberto Campos Neto, presidente do BC: Copom divulga decisão nesta quarta (Andre Coelho/Bloomberg via/Getty Images)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 7 de maio de 2024 às 17h30.

O Comitê de Política Monetária (Copom) definirá a taxa de juros Selic nesta quarta-feira, 8. Caso siga o plano de voo apresentado no comunicado da última decisão, o Banco Central fará mais um corte de 0,5 ponto percentual, levando a taxa para 10,25%. No entanto, a expectativa por uma redução no ritmo de queda de juros ganhou força entre investidores nas últimas semanas. Entre os fatores que têm pesado sobre as projeções do mercado estão os Estados Unidos.

Dados mais fortes do que o esperado para a economia americana têm reduzido a urgência para o início dos cortes de juros nos Estados Unidos, antes previstos para março. A recente alta inesperada da taxa de desemprego para 3,9% até reduziu as perspectivas mais pessimistas para a política monetária do Federal Reserve (Fed), mas ainda são poucos os que esperam por uma redução dos juros americanos antes de setembro.

"Se os Estados Unidos já estivessem cortando, o BC poderia seguir com cortes de 0,50 p.p., mas o diferencial de juros tem diminuído. Seria saudável que Roberto Campos Neto [presidente do BC] reduzisse os cortes de juros para 0,25 ponto percentual", disse Alfredo Menzes, CEO da Armor Capital em entrevista recente à Exame.

Essa queda do diferencial de juros poderia reduzir ainda mais a atratividade da moeda brasileira, tornando as importações mais caras e potencializando os riscos inflacionários.

O próprio BC fez questão de reajustar as expectativas do mercado, deixando em aberto a possibilidade de reduzir o ritmo das quedas de juros. Em evento realizado ainda no mês passado, Campos Neto admitiu que as incertezas internacionais aumentaram e que, somadas às preocupações fiscais, poderiam levar a um ritmo de cortes mais baixo daqui para frente.

"O cenário macroeconômico interno tornou-se menos favorável, com inflação em alta, e o cenário externo está mais incerto e volátil", avalia em relatório Alberto Ramos, economista-chefe do Goldman Sachs, que também espera por um corte de 0,25 p.p. nesta quarta-feira.

Riscos internos

Do lado interno, a equipe de Ramos ressalta as expectativas de inflação acima do centro da meta para os próximos anos e a mudança da meta fiscal logo após a última reunião do Copom. Para este ano, o consenso do mercado é que o IPCA atinja 3,72%, acima da meta de 3%. Para 2025 e 2026, as expectativas são de 3,64% e 3,5%, respectivamente.

Desde a última decisão do Copom, economistas consultados pelo BC têm piorado significativamente as projeções para a Selic. A expectativa, que há quatro semanas era de uma taxa de 9% ao fim do ano, passou para uma Selic de 9,63%. As previsões para a Selic de 2025 e 2026 também pioraram, passando de 8,5% para 9% e 8,75%, respectivamente.

Para Menezes, no entanto, o piso da Selic pode ser muito mais alto do que o mercado acredita, de 10,25% no fim deste ano. Mas até os mais otimistas têm ficado mais pessimistas. No UBS-BB, que previa Selic de 8% no fim deste ano, revisou sua projeção às vésperas da decisão do Copom para 8,5%. Em relatório, os analistas disseram esperar por pelo menos mais dois cortes de 0,5 p.p., mas admitiram que tudo pode mudar, dependendo do Fed e das expectativas de inflação.

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